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Projeto de milhões ameaça “secar” o Alentejo para regar abacate no Algarve

O Reforço do Abastecimento de Água ao Algarve a partir do Pomarão, no concelho de Mértola, continua a merecer muitas críticas.

O investimento de 61,5 milhões de euros, quando concretizado, permitirá transferir água do Guadiana para a barragem de Odeleite, no concelho de Castro Marim, através de cerca de 40 quilómetros de condutas e é apontado pelo Governo como a solução para a falta de água no Algarve.

A Câmara de Mértola contestou, desde primeira hora, o projeto. Ainda que tenha conseguido do atual governo a garantia de abastecimento de água potável à freguesia do Espírito Santo, mantém muitas reservas relativamente ao investimento.

O presidente da Câmara de Mértola, Mário Tomé, lembra que, desde há muitos anos, existe uma tomada de água no Rio Guadiana que serve os regadios até Huelva, em Espanha. O autarca duvida da disponibilidade de água para satisfazer todas as necessidades do Alentejo e Algarve.   

Mário Tomé vai mais longe e questiona “se já estão a ser cumpridos os caudais projetados com Alqueva, que impacto já teve a tomada de água para Espanha durante os últimos anos e que impactos vai ter” este novo fornecimento ao Algarve.

Os municípios do Baixo Alentejo, através da CIMBAL, já vieram a público contestar o projeto para abastecimento ao Algarve a partir do Guadiana e expressaram a sua solidariedade com Mértola.

A Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva (EDIA) alertou, no parecer dado ao projeto, que podem não existir disponibilidades hídricas para satisfação das necessidades desta nova captação para o Algarve.

Neste momento, o presidente da EDIA não fala sobre o projeto. Em recentes declarações à Agência Lusa, levantou “algumas reservas a essa captação se exigir a libertação de caudais adicionais”.

Os agricultores alinham pelo mesmo diapasão. Francisco Palma, presidente da Associação de Agricultores do Baixo Alentejo (AABA), lembra que Alqueva foi projetado para servir uma área de 120 mil hectares de regadio. Neste momento já rega cerca de 200 mil hectares. Levar água de Alqueva para o Algarve, através do Pomarão, vai hipotecar o futuro do regadio no Alentejo, diz Francisco Palma.

Em seu entender, a solução passa pela criação de barragens no Algarve.

Sara Correia, técnica da Associação ambientalista Zero na área dos recursos hídricos, está expetante relativamente à Convenção sobre Cooperação para a Proteção e o Aproveitamento Sustentável das Águas das Bacias Hidrográficas Luso – Espanholas. Com as negociações em curso, a mesma responsável espera que a captação espanhola instalada no Guadiana seja regularizada.

Num cenário de duas captações em funcionamento há que garantir que os caudais ecológicos libertados por Alqueva se mantenham até à foz do Guadiana, sublinha Sara Correia.  

É também necessário, em sua opinião, “acautelar o uso por parte da agricultura” na região do Algarve.

Carlos Cabrita, presidente da ALMARGEM- Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve, discorda deste modelo de investimento. Em seu entender, é necessário que os vários setores sejam “eficientes” na gestão da água.

Aquela Associação considera que o aumento da disponibilidade de água não vai resolver os problemas da escassez naquela região, onde a mesma não tem sido bem gerida.

Carlos Cabrita defende uma agricultura que consuma menos água. 

Investimento de 61,5 milhões de euros para transferência de água de Alqueva para o Algarve gera muitas dúvidas e preocupações a autarcas, agricultores e ambientalistas.

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Farmácia de serviço hoje na cidade de Beja

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