A Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo tem a expetativa que a certificação do Caminho Português de Santiago Central seja o primeiro passo para a criação de uma rede completa no país.
O presidente da Turismo do Alentejo e Ribatejo, Vítor Silva, assumiu o “orgulho” da entidade que dirige e que dinamizou o processo de certificação governamental pelo órgão de coordenação nacional criado para o efeito, mas apontou, desde logo, para a expansão da rede de percursos a nível nacional.
“Obviamente que nos sentimos orgulhosos de ser o primeiro caminho certificado e esperamos que isso sirva, também, para outros, nas outras regiões do país, desde o Algarve até ao Norte, para que consigamos ter, em Portugal, uma rede completa, pois, ainda há pontos de interrupção”, apontou o presidente da ERT Alentejo e Ribatejo.
Nesse sentido, Vítor Silva desvendou que houve, na semana passada, uma reunião que juntou todas as entidades regionais e o Turismo de Portugal, mas também que a certificação do Caminho Português de Santiago Central (CPSC) é, apenas, o primeiro passo de um processo ao qual é preciso dar continuidade permanente.
“Depois de os troços estarem marcados e em segurança, há sempre problemas. Ou um proprietário desconhecedor que coloca um portão e já não se pode passar, ou uma natureza mais exuberante que corta o caminho e é preciso desbastar”, exemplificou.
Além disso, há ainda “a parte que ao turismo interessa”, que é a de que apareçam “agentes capazes de vender este caminho, tanto em Portugal, como além-fronteiras”, um trabalho que será da responsabilidade da Agência de Promoção Turística do Alentejo, à qual também preside.
Segundo Vítor Silva, nos últimos anos, “houve um trabalho muito grande da ERT Alentejo e Ribatejo, em colaboração com o Turismo de Portugal”, no sentido de criar este que é, também, “um produto turístico” e que, agora, precisa de ser promovido como tal.
“É evidente que os Caminhos de Santiago começaram por ser um caminho de peregrinos, mas hoje, embora havendo uma carga de espiritualidade, há muitos que o fazem no sentido de se encontrarem a eles próprios e pelo prazer de estarem em contacto com a natureza, mais do que por uma motivação religiosa”, explicou.
“Um pouco mais atrasado” está, no entanto, o processo de certificação dos outros dois caminhos da responsabilidade da ERTAR, nomeadamente o Caminho Nascente e o Caminho da Raia, mas a certificação irá também avançar, assim que estiver concluída “uma série de exigências” relacionadas com “o mapeamento dos percursos, a sua segurança e a sua marcação”.
A ERT Alentejo e Ribatejo está, também, a trabalhar no sentido de “ligar caminhos espanhóis aos caminhos portugueses” no Alentejo, o que “exige a colaboração dos parceiros do outro lado da fronteira”, mas que “está a ser trabalhado”, revelou Vítor Silva.
Com uma extensão de 435 quilómetros divididos em 19 etapas e que atravessam 16 concelhos, o Caminho Português de Santiago Central foi o primeiro a obter a certificação governamental do órgão de coordenação nacional criado para o efeito, anunciou o Ministério da Cultura.
A certificação foi atribuída, através de uma portaria conjunta (n.º 120/2021), publicada em Diário da República, das secretarias de Estado do Turismo e Adjunta e do Património Cultural, em resposta a uma candidatura apresentada pela ERTAR.
Trata-se da primeira concretização de um processo iniciado em 2019 e que tem em vista “a certificação dos itinerários que constituem os Caminhos de Santiago em território nacional e a salvaguarda, valorização e promoção do Caminho Português de Santiago”, explicou o Governo, em comunicado enviado à agência Lusa.
Segundo o Ministério da Cultura, estão em curso processos de certificação de outros itinerários do Caminho de Santiago em Portugal que “irão reforçar a rede”, de Sul a Norte do país.
Rádio Pax/Lusa