Beja vai ficar dois anos, previsivelmente entre 2027 e 2029, sem comboios para Lisboa. A interrupção vai ocorrer durante o período em que vão decorrer as obras de eletrificação da linha ferroviária Beja-Casa Branca.
O esclarecimento foi dado por Paulo Arsénio, presidente do município bejense, em reunião de Câmara, depois de questionado por Vítor Picado, vereador da CDU, sobre aquilo que o executivo tem feito para acautelar a ligação ferroviária ao aeroporto de Beja.
Paulo Arsénio explicou que “a ligação da linha ao Aeroporto de Beja”, apesar de ter sido reclamada pela Câmara e pela Assembleia Municipal de Beja, “nunca esteve prevista” neste projeto de eletrificação previsto 2027-2029.
Ainda assim, o projeto de eletrificação prevê garantir condições para “uma futura ligação ao aeroporto”.
“As catenárias à saída da cidade de Beja de ligação a Casa Branca foram alteradas em termos de projeto para permitir a construção de uma futura nova ponte para entrada no Parque Industrial e para haver uma ligação futura de um ramal ao Aeroporto”, disse Paulo Arsénio.
Antes desta obra avançar, chegarão a Beja dois novos comboios regionais comprados pelo Estado aos suiços da Stlader.
De acordo com o contrato assinado em outubro de 2020, a CP vai receber a partir de outubro do próximo ano, 22 automotoras, das quais 12 serão bimodo – o que significa que, também, podem circular em linhas não eletrificadas – e 10 serão elétricas.
Ao que a Rádio Pax apurou está prevista a chegada, em outubro de 2025, de três automotoras híbridas e, em março de 2026, seja feita a entrega de três automotoras elétricas e uma híbrida.
Beja irá beneficiar de duas dessas composições novas de “grande qualidade”, diz Paulo Arsénio, frisando que “irão substituir as atuais com cerca de 60 anos”.
Esta aquisição poderá trazer de volta a ligação direta de Beja a Lisboa, sem necessidade de transbordo em Casa Branca.
Contudo, o autarca sublinha que “Beja irá ficar dois anos sem serviço ferroviário”, durante o período em que vão decorrer as obras de eletrificação da linha.
O percurso será feito de forma alternativa por autocarros.
Recorde-se que Beja perdeu a ligação direta a Lisboa em 2011, quando o Governo, na altura liderado por José Sócrates, eletrificou a linha entre Évora e a capital do país, deixando Beja de fora.